Será difícil contradizer o axioma que dá o título à 4.ª conferência do PNL2027, mesmo reconhecendo ser outra a cultura tipográfica do nosso tempo. Leitura e escrita tornaram-se instrumentos naturalizados do nosso olhar e viver quotidianos. Em presença ou a distância, no papel ou nos ecrãs, o mundo faz-se cada vez mais de palavras e de textos.
A pandemia veio aprofundar e acelerar a digitalização do mundo e das sociedades. Não há setor da vida humana que não tenha sido afetado por ela. Saúde, educação, cultura, ciência, economia, relações sociais e pessoais não voltarão a ser as mesmas.
A atual emergência pôs em evidência a importância das políticas públicas, dos agentes económicos e da sociedade civil, na resposta aos problemas e desafios revelados pela crise sanitária, que se alargou a tudo e a todos.
O acesso à informação e ao conhecimento, a fruição cultural, o direito à leitura e à escrita emergiram como verdadeiros bens de primeira necessidade. Imprensa, rádio, televisão foram as grandes vias de emissão dos discursos político, educativo e mediático. As plataformas tecnológicas de videoconferência e transmissão live, os grandes palcos profissionais e artísticos do dia a dia. Os livros e a literatura, os grandes lugares de convite ao recolhimento.
Mas terá sido assim com e para todos? Terá a fuga ao coronavírus fortalecido o vírus da leitura em todas as casas? Terá o contágio da leitura alastrado neste período de contrição a todos os contextos educativos, culturais, sociais e familiares?
Neste cenário, é crucial pensar que impactos tiveram nas práticas de literacia da população portuguesa as mudanças vividas.
Que riscos e ameaças trouxeram estas mudanças às estruturas, atividades e protagonistas, responsáveis pela sua sustentação e desenvolvimento? Que oportunidades e experiências inovadoras fizeram surgir?
Impõe-se proteger e defender a omnipresença da leitura no novo Presente-Futuro.
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